Podemos comparar nossa vida nesse mundo com uma montanha russa. Passamos por muitos altos e baixos. Eu não gosto de montanhas russas, a sensação de estar caindo é desesperadora para mim. Isso é verdade em um parque de diversões, mas também em minha vida pessoal. Não gosto da sensação de cair.
Subir é ótimo, a velocidade em geral é lenta, mas subimos animados, visando o topo, aquele lugar privilegiado, que muitos almejam. O topo nos enche de alegria, nos dá a sensação de vitória, de sucesso, mas na montanha russa, depois desse momento de topo, vem uma queda brusca! O estomago dá um nó, a garganta seca, vem um medo, apesar da velocidade da queda ser bem maior do que a da subida, a sensação é de que nunca vamos parar de cair. Meu Deus, que desespero!
Assim como na montanha russa, a queda na vida é sofrida. Nos acostumamos muito facilmente com a subida e com o topo, mas a queda é sempre incomoda. O problema é que não temos como fugir dos tempos de baixa em nossa vida. Na verdade, por mais difícil que possa parecer para nós vermos isso, é o próprio Deus quem permite esses momentos de queda.
No oitavo capítulo do livro de Deuteronômio, Moisés da uma série de orientações ao povo de Israel, depois de terem passado 40 anos no deserto. O povo entraria em breve na terra que Deus havia prometido aos patriarcas, então Moisés os leva a lembrar de tudo que passaram e dos propósitos de Deus durante aquele tempo no deserto.
Nos versos 2 e 3, Moisés aponta o fato de Deus tê-los guiado durante todo o tempo de deserto com um propósito: mostrar ao povo de Israel o que estava em seus corações. Deus humilhou o seu povo, permitiu que eles passassem fome, os sustentou com uma provisão desconhecida para eles, tudo isso para mostrar a dependência deles da palavra de Deus.
No verso 4, Moisés aponta o cuidado sobrenatural do Senhor em meio aos tempos difíceis. Recentemente, eu passei por meses difíceis. Meu pai ficou muito doente e faleceu; eu fiz meu último tratamento para engravidar e não engravidei; meu cunhado sofreu um acidente gravíssimo de carro e eu ainda peguei Covid pela quarta vez. Se eu tivesse como saber de tudo isso com antecedência, entraria em pânico. Saberia que não tinha condições de passar por tudo isso de uma vez. Mas passei, de forma sobrenatural o Senhor me sustentou por esse deserto, com tristeza, mas sem desespero.
Seguindo pelo discurso de Moisés, no verso 5, entendemos que o deserto tem um papel disciplinar na vida do povo de Deus. Não se trata de uma punição, pois Deus não nos trata conforme a nossa iniquidade (Sl 103.10,11). Mas uma disciplina educativa. O sofrimento molda o nosso caráter, as nossas afeições, as nossas prioridades, os nossos relacionamentos. O verso 6, apresenta qual deveria ser o resultado dessa disciplina: o temor do Senhor.
Dos versos 7 a 10, Moisés encoraja o povo, lembrando das promessas do Senhor. Ou seja, lembrando que quando saímos dos vales da vida, experimentamos os momentos de topo. A vida é assim, nunca será só vale, nunca será só topo.
Pensando nos momentos altos da vida, Moisés faz o alerta entre os versos 10 e 18: cuidado para que quando vocês chegarem no topo, vocês não esqueçam do Senhor e pensem que o mérito do topo é de vocês. Lembrem de todas as dificuldades do deserto e de como o Senhor os sustentou. Não foi a força do braço de vocês, mas a graça de Deus que os conduziu ao topo.
Nosso coração é enganoso e desesperadamente corrupto. Precisamos passar pelo deserto para conhecê-lo. O deserto nos mostra nossa dependência de Deus. Ele também nos prepara para glorificar a Deus nos tempos bons da vida, reconhecendo que tudo vem do Senhor.
Finalmente, nos versos 19 e 20, Moisés lembra o povo de Deus, que a idolatria nos destrói. Abandonar os caminhos do Senhor sempre trará consequências. Mais uma vez, o foco aqui é que o povo de Deus, tema a Deus.
Então, respondendo à pergunta: Por que Deus nos permite passar pelo deserto? Podemos apontar, pelo menos, oito coisas:
1o. Deus nos permite passar pelo deserto para que conheçamos nosso coração. (Dt 8.2)
2o. Deus nos permite passar pelo deserto para que aprendamos a depender somente Dele. (Dt 8.3)
3o. Deus nos permite passar pelo deserto para nos sustentar de forma sobrenatural. (Dt 8.3,4)
4o. Deus nos permite passar pelo deserto para nos disciplinar de forma educativa. (Dt 8.5)
5o. Deus nos permite passar pelo deserto para que aprendamos a temê-lo. (Dt 8.6)
6o. Deus nos permite passar pelo deserto para preparar nosso coração para os tempos bons da vida. (Dt 8.7-16)
7o. Deus nos permite passar pelo deserto para que aprendamos que não conseguimos as coisas pela força do nosso braço. (Dt 8.17,18)
8o. Deus nos permite passar pelo deserto para nos mostrar que, se seguirmos outros deuses, seremos facilmente destruídos. (Dt 8.19,20)
Que benção o seu trabalho Larissa.Que Deus continue a usando para impactar vidas por meio da sua fé e testemunho.